EDF confirma presença de “dois indícios” de microfissuras na central nuclear de Civaux

O grupo elétrico EDF confirmou, na segunda-feira, 16 de junho, a presença de "dois indícios" de microfissuras nas tubulações ligadas ao circuito de resfriamento do reator nuclear número 2 de Civaux (Vienne), garantindo que, nesta fase, se trata de um evento "isolado" , sem impacto na produção de todo o parque nuclear.

Os primeiros resultados das análises realizadas pela EDF em soldas em trechos de tubulações cruciais para o resfriamento de usinas elétricas em caso de acidente confirmam "a presença de defeitos" em Civaux 2, disse Régis Clément, vice-diretor da divisão de produção nuclear da EDF, durante uma coletiva de imprensa, menos de uma semana após o anúncio de uma perícia.

Dentre esses defeitos, um diz respeito à "fadiga térmica" , um fenômeno "histórico" na frota nuclear, que afeta aços inoxidáveis ​​sob o efeito de variações de temperatura. O segundo defeito detectado é a "corrosão sob tensão (CCS)" .

Este é o mesmo fenômeno descoberto no final de 2021 na frota nuclear, que causou uma crise industrial sem precedentes para a EDF: a produção de energia nuclear caiu para um nível historicamente baixo em 2022 devido ao desligamento de vários reatores para reparos ou verificações, ameaçando a França com cortes de energia em meio a uma crise energética.

Bem conhecida no setor, a corrosão sob tensão significa que um material se degrada e racha em contato com um ambiente químico, em alguns milímetros. Segundo Régis Clément, a detecção de corrosão sob tensão – uma trinca de "1 a 2 milímetros" em uma tubulação com vários centímetros de espessura – durante uma parada de manutenção da Civaux 2 é um "evento isolado nesta fase ". Essa descoberta terá um "impacto relativamente pequeno" na duração da parada, garantiu o Sr. Clément, mencionando um adiamento do reinício em cerca de duas semanas, para 30 de julho.

Das cerca de 350 inspeções planejadas para 2025 em cinco reatores (incluindo Civaux), mais de 200 foram realizadas e não mostraram "nenhum" outro sinal de corrosão, acrescentou o Sr. Clément. "No que diz respeito à frota nuclear de forma mais ampla, também não há impacto projetado até o momento na disponibilidade e produção da frota, seja em 2025 ou nos anos subsequentes", garantiu.

Desde a implementação de uma campanha de monitoramento em larga escala nos dezesseis reatores mais sensíveis ao fenômeno, a EDF implantou métodos de detecção "muito mais eficientes e precoces" , que podem identificar "rachaduras muito pequenas" , explicou.